Por que ser extremista pode afastar pessoas de se tornarem veganas?

Em Dieta vegana e vegetariana por André M. Coelho

Se você fizer sua pesquisa direito antes de se tornar vegano, vai ver que é simplesmente impossível receber todos os nutrientes essenciais em sua alimentação com uma dieta estritamente vegana. Você pode negar os fatos, mas sua negação não os tornará menos verdadeiros. É simples e pura ciência. O que provavelmente você vai fazer agora é pesquisar fontes que comprovem seu ponto de vista, que uma dieta 100% vegana é totalmente possível e saudável.

Tudo bem, todo mundo faz isso. Todo mundo tenta provar seu próprio ponto de vista usando fontes que compartilham sua visão de mundo, ou seja, fontes que confirmam as coisas em que você acredita. Ao fazer isso sem critérios, sem respeito aos profissionais e cientistas da alimentação, você aproxima seu veganismo e vegetarianismo mais de um dogma do que da ciência. E isso vai afastar as pessoas desse estilo de vida mais saudável e ético, ao invés de atrair mais pessoas para a causa.

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Extremismo vegano afastando pessoas da causa

Protestos como esse, de veganos extremistas, não vão convencer as pessoas a pararem de comer carne. Só vão afastar mais pessoas do vegetarianismo e veganismo. (Foto: elcomercio.pe)

Nossa experiência com o extremismo

Há algumas semanas, escrevemos sobre o consumo de gelatina por veganos e vegetarianos. Explicamos sobre os nutrientes, sobre os problemas de uma dieta vegana ou vegetariana, e como a gelatina poderia ajudar em uma dieta de transição para o veganismo. As respostas que obtivemos foram muito mais do que extremistas. Recebemos várias mensagens, textos, visualizações no artigo, críticas destrutivas, ofensas, ameaças de processos, só para citar alguns dos extremismos.

Tudo isso porque defendemos uma transição saudável para uma dieta vegana ou vegetariana, com acompanhamento profissional da dieta. A ideia do artigo não surgiu do nada, não foi uma provocação. Foi uma conversa com um profissional de nutrição, que nos orientou sobre opções para uma transição saudável para o veganismo, como suplementação alimentar, acompanhamento profissional, etc. Também nos indicou artigos e pesquisas científicas para ajudar na escrita de nossos artigos. Sua orientação foi muito importante para tornar possível artigos que promovem uma mudança saudável, e gradual.

Mesmo assim, os veganos mais extremos continuam atacando. Descobrimos um site que humilha e nomeia pessoas que abandonaram o veganismo ou o vegetarianismo.

Preconceito contra os não veganos

Racismo dietético é uma forma de fanatismo que é o análogo, em termos alimentares, ao racismo; ou seja, o ódio de outros grupos de pessoas porque a sua dieta é diferente da deles. E a dieta deles é a dieta “ideal”, certa, a melhor possível.

Nesse contexto, qualquer dieta que não seja vegana é inferior. Os defensores extremistas do veganismo começam a retórica da intolerância, referindo-se a pessoas que seguem uma dieta onívora com termos ofensivos, ou xingamentos. Pior ainda é quando você apresenta informações científicas aos veganos e vegetarianos, e o argumento é que a “ciência não entende o veganismo”, ou que “os cientistas estão errados”. Vale lembrar que Hitler, durante o nazismo, usou o mesmo argumento para desmerecer a “ciência judaica”, e a “ciência” para comprovar a superioridade da raça ariana. Já sabemos no que isso deu, não é?

O extremismo afasta as pessoas. Ponto.

O Estado Islâmico atraiu muitas pessoas à sua causa. Seu extremismo tem se mostrado um dos mais bárbaros possíveis. Porém, acompanho as notícias sobre o combate, e descobri o relato de vários membros do EI que abandonaram o movimento simplesmente porque ele está extremista demais.

Tenho um amigo que está em uma onda religiosa extrema hoje em dia. Ele simplesmente se afastou de todos os amigos por conta da religião, não faz mais brincadeiras normais (mesmo ainda rindo das nossas piadas, quando encontramos), e até tentou converter a esposa dele. Ainda bem que ela deu um puxão na orelha dele e ele parou de tentar convertê-la. Os dogmas da igreja da qual ele participa simplesmente o afastaram de tudo que ele construiu, na questão de amizades. Vale mesmo a pena? Será que uma religião é tão dona da verdade que pode te mandar descartar os amigos assim?

O mesmo acontece com o veganismo. Para dar suporte ao seu estilo de vida, o vegano começa a se associar com outros veganos. Um começa a defender o ponto de vista do outro. Mitos começam a se tornar verdades. Você começa a buscar pesquisas, livros, e relatos que suportam seu ponto de vista, mas não lê um artigo sequer que questione suas verdades. É um castelo de cartas, mas que você defenderá com uma bomba atômica para evitar que seja derrubado. Você acabará virando um vegano chato.

https://youtu.be/m5q1I5FuZ58

Considerações finais

Não é errado ser vegano. Não é errado ser vegetariano. Errado é você pregar como uma religião seu estilo de vida, ao invés de simplesmente mostrar os benefícios que esse estilo de vida te trouxe. Mostre o lado bom do veganismo, questione suas verdades, pesquise e leia diferentes pontos de vista sobre sua dieta vegana. Acima de tudo, tenha ao seu lado um acompanhamento profissional de um nutricionista e um médico, para que você tenha uma vida saudável.

Você se acha um vegano extremista? Já teve discussões com seus amigos sobre o veganismo? Já afastou alguém por ser vegano ou vegetariano?

Sobre o autor

Autor André M. Coelho

André já teve cachorros, gatos, chinchilas, hamsters, e peixes de estimação. Além dos animais de estimação, já passou pela obesidade e procurou diferentes dietas e rotinas de saúde para melhorar sua alimentação. Encontrou no veganismo e no vegetarianismo receitas deliciosas, dicas para uma vida vegana e vegetariana saudável, e mais respeito aos animais. Escreve sobre o veganismo e vegetarianismo desde 2012.

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